quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Autárquicas em Castro Verde



As autárquicas em Castro Verde já mexem, de forma diferente consoante a força política.

Se, por um lado, a CDU/PCP-PEV confiam na sua experiência nestas lides e na obra feita em 33 anos de pode Local democrático, já a candidatura do Partido Socialista debate-se com dois problemas que tem de resolver rapidamente: conseguir demarcar-se do Partido Socialista de José Sócrates e, ainda com mais vigor, demarcar-se das anteriores candidaturas do Partido Socialista.

O cabeça-de-lista, José Colaço, tal como os outros são Francisco Duarte e Pedro Figueira, vislumbrou, com a saída antecipada de Fernando Caeiros, a hipótese de chegar ao lugar que sempre almejou mas que, pelo qual, nunca havia esboçado qualquer tentativa de conquistar, numa atitude clara de, senão apoiante, pelo menos "cumplicidade" com o homem que dirigiu os destinos do concelho desde 1977.

É que, falando claro, a intervenção dos cidadãos na vida das sociedades não pode passar, apenas, pelo depósito do voto de quatro em quatro anos. Se há coisa de que José Colaço sempre teve foi a consciência de que ele próprio, como pessoa, constituía uma referência, uma reserva do concelho, cujo silêncio continuado e constante sempre foi entendido como sinal de concordância com as opções tomadas em cada momento.

Falo preteritamente porquê? Porque é que acho que perdeu o seu estatuto de referência individual e o lugar de reserva concelhia?

Primeiro pela forma com nasceu esta candidatura. Nasceu enviesada, por meias palavras trocadas entre duas chávenas de chá tomadas com pessoas diversas, alegadamente para lançar uma candidatura independente, e depois surpreende a maioria das pessoas com a sua entrega de alma e coração ao Partido Socialista, entidade política nacional, representada pelo inefável Pita Ameixa, responsável pelo atraso crónico do concelho de Ferreira do Alentejo. Foi uma atitude menos correcta que alienou a a confiança que, necessariamente tinha de granjear junto de pessoas que, ao nível local, fazem a opinião e formam as vontades colectivas.

Por outro lado, tendo-se entregue ao PS de Sócrates, não quer ser identificado com tal organização. Prova desse facto é que, no jornal de campanha da candidatura do Partido Socialista às autarquias de Castro Verde não refere uma só vez o nome do Partido que o apoia e lhe cedeu a sigla, nem mesmo quando o putativo entrevistador se refere ao PS.

Outra coisa que as pessoas não lhe perdoam, independentemente de ser culpa sua ou não, é o segragacionismo a que foram votados o membros do PS que, enquanto José Colaço compiscuamente se mantinha à distância e em silêncio deram a cara pelos objectivos que o seu partido tinha para Castro Verde, e isto independentemente, também, do sentimento que cada um possa nutrir por cada qual.

Por último, para atingir estes desideratos, obviamente, há aqui uma mãozinha profissional na direcção desta campanha eleitoral, o que mais demonstra o total envolvimento do Partido Socialista de José Sócrates na campanha liderada por José Colaço, em que se está a tentar, concentrando a atenção e apontando os focos para o cabeça-de-lista, numa atitude de completo culto da personalidade, passar uma imagem que as pessoas, mesmo as que simpatizam pessoalmente com ele, e eu incluo-me nesse grupo, não guardam dele. José Colaço não é pessoa de andar de porta em porta cumprimentando as pessoas, de uma forma física; José Colaço não é homem para se sentar à mesa de uma taberna para beber uma "mini"; tal com Guida Sobral não é rapariga para se sentar no poial a fazer novelos de lã.

É uma campanha tecnicamente bem conduzida? Mas quem a conduz, eventualmente poderá saber "vender" uma candidato a milhões e não conseguir fazer a alguns milhares, porque estes vivem na mesma "rua" que José Colaço, conhecem-no desde sempre e sabem que ele não é assim.

Gostei da dinâmica dos placards: deixaram a postura rígida do fato e gravata com braços pendidos e mão cruzadas para uma postura mais suave, em mangas de camisa, mas de braços cruzados. Mau augúrio quando alguém se propõe a trabalhar e se apresenta de braços cruzados.

A campanha da CDU/PCP-PEV está a andar ao ritmo que foi previamente estabelecido, com um calendário muito próprio, e que passa por contactar os habitantes de todos os lugares do concelho, nos já célebres porta-a-porta.

Em minha opinião peca pelo fraco dinamismo e pela demora no arranque, mas por razões óbvias, e não sendo este espaço um espaço de jornalismo em que exija isenção, reservo as minhas eventuais críticas à campanha do meu partido para lugar mais recatado.

O Bloco de Esquerda decidiu, ao nível local, e de uma forma que reputo de uma responsabilidade assinalável, não concorrer à Câmara Municipal, e apresentar apenas candidatura à Assembleia Municipal, onde Adelino Coelho fez um trabalho de destacar, e às freguesias de Castro Verde e Casével.

A campanha do BE ainda não está no terreno.

Quanto ao PSD, apenas se sabe que Pedro Figueira é o cabeça-de-lista à Câmara Municipal, nada se sabendo quanto aos restantes elementos candidatos ou a que órgão se candidata.

Se alguém souber e quiser usar este espaço, a via está aberta.

Uma última nota. O blogue Castro Verde tem no seu cabeçalho uma frase de Toqueville que diz muito acerca da política e das pessoas na política. Quero dizer com isto que nada me move em termos pessoais contra José Colaço, antes pelo contrário, pessoa que conheci ainda antes de conhecer Castro Verde, nas inúmeras actuações que as camponesas fizeram em Lisboa e arredores, tal como nada me move pessoalmente contra seja quem for que integre as listas do PS ou do PSD ou do BE, pelo que as minhas posições aqui vertidas se referem única e exclusivamente à política e aos actos que os candidatos na sua acção enquanto tal praticam.

3 comentários:

  1. Oh Nuno, tinhas obrigação de saber que o candidato de por castro O candidato de Por Castro nunca foi do PS e nada tem a vêr com a pol´tica nacional do PS.
    Achas possivel alguém candidtar-se fóra de uma sigla?. Claro que não!
    Achas que por exemplo o PC aceitaria un candidato que pensasse pela sua cabeça? Claroi que não. Tu próprio foste vitima da estratégia do partido, não foste?
    Aceitou candidatar-se só com a garantia que o PS não interferiria. O projecto que a candidatura tem parece-me muito com aquilo que o candidato pensa da sua terra ,e está de acordo com o espirito do que ele sempre tem feito pela cultura de Castro Verds ao longo dos anos. E é isso que interessa em termos autáquicos, a eficácia de um projecto que pretende melhorar os sectores que na autarquia ainda não foram tratados, como da área do emprego e alternativa à Mina. O homem já mostrou que é capaz, porque não dar-lhe a oportunidade de trabalhar. Deixêmo-nos de partidarites. Louvemos o que foi bem feito, avancemos para o que não foi feito

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  2. ´"Achas possivel alguém candidtar-se fóra de uma sigla?. Claro que não!
    Achas que por exemplo o PC aceitaria un candidato que pensasse pela sua cabeça? Claroi que não. Tu próprio foste vitima da estratégia do partido, não foste?"

    Três perguntas com três respostas.
    Claro que não é necessária uma sigla para se candidatar. a lei permite-o e há inúmeros casos de presidentes eleitos em listas independentes de partidos. Alvito é um exemplo aqui bem próximo. José Colaço está a fazer um favor ao PS, e eu não acredito em "almoços grátis", pelo que alguma coisa tem que ter em troca, vá-se lá saber o que. Não nos podemos é esquecer que, o favor que está a fazer, tem reflexos a nível nacional porque, se vencer, Castro Verde será um Município conquistado pelo PS, o que releva dentro da Associação Nacional de Municípios e ao nível da Associação Municipal do Distrito de Beja. Querer separar as eleições autárquicas do contexto da lógica de poder ao nível nacional seria ingénuo e hipócrita para que acredita e para quem quer passar a ideia, respectivamente.
    A candidatura do PS em Castro Verde está tão relacionada e significa tanto ou mais que qualquer outra do mesmo partido.

    Dizer que Caeiros não pensava pela sua cabeça seria desconhecer por completo o personagem, e, no entanto, o PCP apoiou-o até à sua saída.

    Confundir as atitudes incorrectas de Caeiros com a lógica do PCP é o mesmo que confundir a Feira de Castro com o Fundo das calças, como diz o povo.

    Quanto ao resto do comentário será respondido com os posts que serão colocados brevemente.

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  3. Que demagogos.Antes Caeiros fazia gato sapato do PCP, agora ninguém pensa pela sua cabeça dentro do PCP.

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