segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um e Outro

Há de facto coisas que é muito difícil escamotear.


Na RTP, Judite de Sousa, meiga como só ela sabe, entrevista António Vitorino que, sabedor como só ele mesmo, a enrola com tecnicismos e conversa de teoria política e jurídica, deixando-a K.O. e sem argumentos para prosseguir uma entrevista decente.

Na SIC, Mário Crespo, jornalista que me tem surpreendido pela positiva, e por quem não nutro uma especial simpatia , mostra o que é jornalismo perante um Ministro da Presidência, tentativa de 15ª categoria de substituição da velha guarda política dos tempos da Constituinte, e que se deslocou prontamente à televisão para tirar coelhos da cartola para justificar, politicamente, o imbróglio Freeport em que o Primeiro Ministro Sócrates se viu embrulhado.





A diferença entre entrevistados é enorme; entre entrevistadores, é abissal. Não. É astronómica!


Acompanhei, as duas entrevistas alternadamente, embora tenha permanecido na SIC a partir do momento em que Mário Crespo decidiu pôr a tentativa de ministro de fazer o que queria na sua entrevista, que era, nem mais nem menos, justificar aquilo que, se alguma coisa há a justificar, deve ser feito nos tribunais e pelo visado, e não por terceiros.




Silva Pereira parecia um moço de recados: " Eh Pá! Vais e dizes isto, e isto, e isto, e os gajos achantram-se, e a coisa fica assim, percebes, pá? Porreiro!" (claro que isto é uma mera hipótese de recado).

Acontece que, Mário Crespo, macaco velho, não foi na cantiga e, pura e simplesmente, borrifou-se para os coelhos e "afinfou-lhe com duas ou três que o outro até ficou roxo como um ovo da Páscoa: se havia um ambiente propício a corrupção no Governo Guterres, se a secretária era prima do ministro, porque é que o ministro estava na reunião se as competências estavam delegadas no Secretário de Estado, etc.

Sejamos claros. O povo não quer saber a sucessão das leis, nem as repristinações nem as revogações. O povo quer é saber os contornos que levaram à tomada de uma decisão POLÍTICA que possibilitou a construção de um monstro onde não era suposto acontecer, e o que é facto, é que de Inglaterra, chegam rumores de que alguém recebeu uma "bolada" de dinheiro em Lisboa, através de off-shores.

Isto, e esta é a minha posição, independentemente de quem tenha sido o responsável, caso o haja, seja ele o Ministro ou o contínuo do Ministério do Ambiente.

Já vai sendo tempo de investigar à séria os fumos de corrupção neste país.

1 comentário:

  1. A tal Base de Dados de todas as procurações passadas com poderes irrevogáveis para a transferência da titularidade de bens imóveis, não ajudaria a resolver estes problemas, e mais fácilmente chegar junto dos tais gabinetes de advogados especialistas nestas matérias?

    ResponderEliminar