quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

2008 - R.I.P.


O Ano de 2008 chegou, finalmente, ao fim, passo o pleonasmo, que é antes de tudo um suspiro.

Acho que nunca tinha sentido que um ano custava tanto a passar.

Claro que, para nós portugueses, isso não é novidade, dado que, desde 2002, que andamos de tanga, bikini, monoquini, e todo e qualquer modelo de veste intima, desde que seja diminuta, porque, pelo menos para os pobretas, e isso inclui tudo até à tradicionalíssima classe média, o que exclui aqueles que ganhando para cima de 75.000 €, ainda querem incluir nessa faixa social.

Andámos a penar durante estes anos, praticamente desde 2001, o ano do famigerado pântano, e ainda antes da entrada em circulação do Euro.

Em nome do sacrossanto déficit e da sua taxa limite de 3%, tudo foi possível impor aos portugueses, e tudo suportaram os portugueses para satisfação dos governantes.

Vendeu-se de tudo um pouco, desde monumentos a jóias, e até os créditos da Segurança Social, com a agravante de ainda por cima termos que pagar aqueles que o banco que os comprou não consegue cobrar.

Sobrou, irredutivelmente, a Caixa Geral de Depósitos, fornecedora de créditos e avales aos amigalhaços do poder em dificuldades, e onde há sempre um lugarzinho desconhecdido que espera por si, caro boy socialista ou social-democrata, onde poderá auferir um chorudo vencimento como administrador até à reforma por incapacidade ou até ao seu expresso envio para um qualquer banco privado em dificuldades.

Anunciaram-se, 150000 novos postos de trabalho, que teimam em não aparecer, por muito que o Primeiro Ministro diga que os criou, embora o ritmo a que são atirados trabalhadores para o desemprego seja muito superior.

Para quem se escandalizava histericamente com a taxa de 7.1% de desemprego, uma taxa superior a 8%, não está mal não senhor.

Aumentou-se o IVA de 17% para 19%, e quem não se lembra dos pinotes que o Eng. Sócrates deu quando o PSD implementou essa medida, e depois para 21%, obra do mesmo Eng. Sócrates, que depois reduziu para 20%, com mais estridência que o foguetório de fim-de-ano da Ilha da Madeira.

Cortou-se no poder de compra. Criaram-se taxas moderadoras na saúde, aumentaram-se as propinas do ensino superior, enquanto se enchiam os cofres do MIT, que agora nos vem impingir o Lisbon MBA por 30000 €/cabeça. Congelaram-se as carreiras da administração pública.

Enfim, fez-se 30 por uma linha.

No fim do Verão do ano passado, do outro lado do Atlântico, no sagrado solo do ultra liberalismo, desatam a tocar as sinetas da crise económico-finaceira, e desata a Reserva Federal a nacionalizar bancos em crise, devido ao sub-prime.

Por cá, os nossos governantes juram a pés juntos que nada daquilo nos irá afectar.

Pois não. Logo a seguir estala o escândalo BPN, e da sua nacionalização atamancada, ficando o Estado com o prejuízo, e os infractores com lucro. Custo da coisa: 800000€ que depressa cresceram para 1000000€.

Salta o Governo com mais uma oferta, e os bancos ainda não tinham pedido nada.

Tomem lá 4000000000€ de injecção e mais 200000000000€ de avales e garantias.

E nós banzados. As empresas a fechar, nós a tenir, o déficit que se dane.

A dívida externa nos 150000000000€ e os nossos ministros a distribuir dinheiro, nosso, pelos bancos que, para além de apresentarem lucros astronómicos ano após ano, ainda beneficiavam de taxas de iRC mais favoráveis.

Como a coisa ainda não estava bem composta, também o BPP, um banco de capitais de risco, de investimento, de gestão de fortunas, vem declarar que fez umas operaçõeszitas que não correram da melhor forma, e trata de pedir 700000000€ para safar a coisa.

Trata-se de uma banco de fortunas, onde o comum dos mortais não pode sequer passar da porta para dentro, onde o capital mínimo para abrir a conta é de 50000€, e os senhores não sabiam onde estavam a colocar as suas "poupanças".

Enquanto isto, e apesar das manifestações globais de que ma crise global gravíssima estava eminente, o nosso Governo, recusa-se a olhar a realidade com olhos de ver, e aprova um orçamento que prevê, em ano de crise de economia global, crescimento económico para Portugal.

Num ano em que se previa, desde Outubro, viesse a ser de encerramento de empresas, de esfriamento da actividade industrial, de redução drástica de produção e de exportações,com a consequente redução das cobranças fiscais, e com a mais que naturar queda do PIB, o nosso Primeiro Ministro vem fazer o anuncio do optimismo excerbado, porque as taxas de juro vão baixar e a inflacção vai ser mais baixa que o previsto.

Só mesmo um cromo como Sócrates faria tal declaração.

Aliás, tanto entusiasmo do nosso Primeiro Ministro, só se pode dever ao facto de, pela primeira vez no seu mandato, conseguir estar em convergência com a Europa e com o mundo: em recessão.

O problema é que a Alemanha, a França ou a Espanha, quando as causas endógenas da crise forem ultrapassadas, rapidamente recuperarão, enquanto Portugal irá penar muito para conseguir pôr o nariz fora de água.

Infelizmente, até poderia ter piada, não se tratasse do nosso nariz, e o afogamento não se devesse, em grande parte, à irresponsabilidade do Governo do Partido Socialista e daqueles que, enrolados na sua bandeira, contribuem pra a sua permanência no poder.

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