quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Liberalismo

O Mundo está em crise!

O Mundo não, porque, na Península Ibérica, o intrépido povo lusitano resiste ferozmente e, liderado pelo seu líder Sócrates e orientado espiritualmente pelo seu xamã Teixeira dos Santos, recusa-se a aceitar a realidade.

Pois é. Todos acham muita graça à globalização, mas não tanto aos efeitos negativo da mesma.

Tal como os liberais acham muita graça ao dito (liberalismo) e acham que as consequências são apenas um acidente de percurso.

Os liberais, e entre estes devem-se incluir todos aqueles que sob a capa de uma "esquerda moderna" ou de um "socialismo humanista" ou de uma "social democracia dos valores", defendem que o mercado deve funcionar livremente, sem intervenção do Estado, que deve permanecer apenas e só como mero regulador.

Claro que, a sua actividade reguladora deve permanecer nos mínimos mais minimalistas possíveis e, regra imperativa, não deve nunca ofender o legítimos interesses dos operadores activos da economia, leia-se, aqueles cujo objectivo se centra na realização do lucro, pelo qual desenvolvem uma actividade, que, por vezes, nem é das mais clarinhas ou limpas.

Estamos a presenciar um momento histórico, com a derrocada de "castelos" do capitalismo internacional, vitimas da especulação bolsista e do imobiliário. Até agora 5 gigantes (com pés de barro) sucumbiram à sua própria sanha pelo lucro despudorado.

Aqui, e antes que atrás deles se seguissem outros, sob um interminável efeito de dominó global, quer a Reserva Federal, quer o Banco Central Europeu, contrariando a regra elementar do mercado liberal - não intervenção do Estado -intervieram e injectaram , em empresas e em mercados, centenas de milhares de milhões de euros e dólares, resultando, nos EUA, em verdadeiras nacionalizações de bancos, empresas de crédito e de seguros que ficaram nas mãos do governo do bastião mundial do capitalismo liberal.

Nada de grave, não fora dar-se o caso de esses milhões de euros e de dólares serem provenientes de fundos públicos.

Podemos então perguntar, para onde foram os lucros, repartidos pelos bolsos dos grandes capitalistas e accionistas das empresas em crise? Porque é que quem gozou os lucros, assobia para o lado face a esta crise? Porque é quem foi explorado pelas manobras especulativas, tem que pagar as consequências da irresponsabilidade dos que com ela lucraram.

Estamos, portanto, perante os factos que levam à exigência de Estados fortes, interventivos e reguladores das actividades económicas a nível global, que previnam a repetição de situações semelhantes.

O período neo-liberal dura desde o início dos anos oitenta, com a chegada de Reagan ao poder, e desde aí para cá, quantos safanões é que a economia global já sofreu, em contraponto com alguma estabilidade verificada desde 1945 até ao final dos anos 80?

Por cá, neste cantinho dos lusitanos, acima de tudo, está na hora de o Governo, designadamente o Primeiro-Ministro, o Ministro das Finanças e o Ministro da Economia deixarem de gozar com a cara dos portugueses, admitindo que efectivamente a crise está aí, e está para ficar, deixando de mentir descaradamente com as balelas de que a nossa economia, ao contrário de outras, como a alemã e a espanhola, está preparada para os embates que a crise irá provocar, e acima de tudo, terminem com a venda das ilusões que geraram este país de fantasia.





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