Fujam, que vêm aí os comunistas

Mário Soares, o eterno senador cá da praça, de vez em quando dá um sinal de vida, que tanto pode surpreender pala positiva como pela negativa.

A semana passada voltou a tomar posição acerca de um tema que já aqui abordei: as desigualdades e assimetrias sociais apontadas num estudo da União Europeia (Eurostat) e o trabalho, coordenado pelo Prof. Alfredo Bruto da Costa, do Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS) que apontavam Portugal como estando no topo do ranking dos países com maiores assimetrias.

Claro que o Governo, pela voz do Primeiro Ministro, contra ataca e afirma que houve uma evolução positiva: entre 2004 e 2006 o índice de pobreza retraiu-se de 6,9 para ... 6,8.

Notável.

Voltando a Soares, e ao seu artigo de opinião, faz uma análise bastante interessante acerca da pobreza, da globalização e das causas de uma e influências de outra para se atingir o ponto realmente negativo a que a economia mundial chegou.

E poderia ter sugerido um caminho para corrigir, interna e externamente, esta situação de pré-catástrofe em que vive a humanidade.

Mas optou apenas por dar conselhos ao Governo, no sentido de inverter as políticas sociais por onde levou o Estado português, e dar mais atenção a estas áreas.

No entanto, este conselho não se deve à necessidade de combater a situações de miséria, nem de acabar com a exclusão que atinge quase um milhão de portugueses, nem sequer porque um partido socialista deve pugnar por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais solidária.

Não. Este conselho é apenas para avisar o Primeiro Ministro, o seu amigo José Sócrates, de que se arrisca a uma subida descontrolada da influência eleitoral dos partidos à esquerda do partido do Governo, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista.

É a situação óbvia de que o Dr. Soares às vezes devia estar calado.