quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Obediência a orientações partidárias e “barrigas de aluguer”


Com a devida vénia, transcrevo o seguinte post da autoria de Lopes Guerreiro, publicado no "nosso" Alvitrando ( quem qualquer sombra de abuso ou tentativa de apropriação)


"Obediência a orientações partidárias e “barrigas de aluguer”


O PS em Beja veio a público acusar os eleitos da CDU de obediência às orientações do PCP e de não cumprirem as promessas eleitorais, a propósito da sua ausência da cerimónia de adjudicação do IP8.
A utilização destes argumentos parece indiciar que lhe faltam outros, quer para defender o Governo que apoia quer para criticar a autarquia em que é oposição. Apesar disso, a tomada de posição do PS em Beja sugere-me algumas reflexões.
Esta cerimónia foi essencialmente mais um acto de propaganda do Governo que já se deslocou ao Distrito de Beja uma dúzia de vezes para anunciar vários actos do processo mas que não foi capaz de construir a estrada em quatro anos e que a não vai construir até à fronteira e, ainda por cima, decidiu que vai ser portajada.
Ao valorizar tanto a ausência dos eleitos da CDU naquela cerimónia o PS tenta fazer esquecer as suas responsabilidades neste processo e nas suas consequências para a região. O mérito da adjudicação desta empreitada não pode fazer esquecer tudo o que ficou para trás com consequências no presente e no futuro da região.
Quando alguém é eleito numa lista partidária assume um duplo compromisso com os eleitores: Respeitar as orientações partidárias, uma vez que foi escolhido pelo partido para se candidatar, e cumprir as promessas eleitorais que apresentou ao eleitorado que o elegeu. Idealmente, os dois compromissos são tão semelhantes que se confundem num só. Mas, na prática, nem sempre é fácil equilibrar esses dois compromissos pelo que, sempre que o conflito surge, deve ser bem ponderado qual o que deve prevalecer em função da situação em concreto.
Tal não deve significar obediência cega às orientações partidárias mas também os eleitos em listas partidárias não devem esquecer esse enquadramento e comportarem-se como se fossem independentes eleitos por listas independentes.
Os partidos, e o PS em particular, não podem comportar-se como “barrigas de aluguer”, cedendo a sigla, estrutura e apoios a candidatos independentes (e até militantes seus), que se apresentam ao eleitorado como se nada tivessem a ver com o partido que os apoia.
Isto só acontece, quando acontece, por oportunismo de ambas as partes, que, temendo assumir plenamente as suas responsabilidades, procuram tirar partido da situação aparentando o que não são. O que começa numa mentira não deve merecer a confiança dos eleitores."


Comentário

Pois se estou completamente de acordo, nada há mais a acrescentar.

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