segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Indecências, Obscenidade e Pornografia

As teorias neo-liberais vieram defender a omissão do Estado no mercado, seja qual for: todo e qualquer mercado.

E, sob a a batuta do Sr. Bush, o Estado Norte-Americano foi fazendo o geitinho aos detentores do grande capital, designadamente os banqueiros e accionistas das casas de crédito, e desregulamentaram tudo o que havia a regulamentado, e que servia de meio de controlo do tesouro sobre a actividade bancária.

Deste lado do Atlântico, os seguidores do Sr. Bush, devem ter pensado: se aquilo com os "américas" resulta, aqui também deve render qualquer coisita, e vá de retirar o controlo do Estado sob a economia e a actividade financeira.

Entretanto, os off-shores foram nascendo como cogumelos, para onde foram canalizadas as mais-valias resultantes da especulação e da exploração que os bancos foram IMPUNEMENTE praticando.

E, para gerar mais lucro, nada melhor que inflacionar os bens que justificam os pedidos de crédito: o imobiliário.

Resultado, as garantias reais, ou sejam, os imóveis adquiridos com o crédito concedido "à barba longa", não valem os montantes que supostamente deveriam garantir. Daí existirem casas à venda abaixo do preço de custo, em diversos países, a começar pela nossa vizinha Espanha.

Como consequência, diversas casas que se dedicavam ao negócio da compra e venda de dinheiro, entraram em risco de falência, obrigando o Estado Norte-Americano a intervir.

Isto é de loucos, mas o governo americano fez aquilo que sempre condenou, e acusou de proteccionismo os Estados que o praticavam, e interveio fortemente no mercado financeiro, pasme-se, nacionalizando entidades financeiras, que passaram a ser controladas pelo Tesouro, o famoso FED.

Argumento do Sr. Bush: garantimos os depósitos dos clientes e a subsistências das entidades, e futuramente, serão privatizadas, se calhar com algum lucro.

Isto ainda foi mais escandaloso.

Do lado de cá do Atlântico, começaram a soar campainhas quando os governos belga e holandês decidiram seguir o mesmo caminho, e os liberais entraram em pânico.

Vá de reunir o G7, puxar as orelhitas ao Sr. Bush, dizer para não voltar a fazer coisas dessas, próprias do Vasco Gonçalves, esse perigoso comunista, e não de um presidente americano, ainda por cima republicano.

Plano Europeu: os Governos não injectam dinheiro nos bancos, ou seja, não os nacionalizam. Antes, preferem dar garantias, avales para empréstimos inter-bancários, que garantam a liquidez no sistema bancário.

Na prática, isto significa que, até determinado montante, os bancos centrais garantem perante as entidades de crédito, os empréstimos que estas efectuarem aos bancos das respectivas praças, pelo que, se algum banco falir, quem pagará estes empréstimos será o Governo do respectivo país.

Portugal não estava representado no G7. Não tem dimensão para isso, por muito que Sócrates se estique, e milhões de Magalhães que distribua.

Mas alinhou no plano: 20 mil milhões de euros em garantias bancárias para os bancos portugueses poderem comprar dinheiro no estrangeiro.

Para quê?

Para usarem como muito bem entenderem, porque nada foi determinado quanto à utilização deste dinheiro, pelo que poderá entrar no ciclo vicioso que gerou esta crise, nomeadamente, para empréstimos de mais casas de alto valor que, na realidade, não valem metade daquilo porque são adquiridas.

Não chegavam já as taxas de juro preferenciais que beneficiavam fortemente os bancos.

O indecente, no meio disto tudo, é que são os nossos impostos, os da classe média, que avançam nestas jogadas.

O indecente, é que ainda ninguém foi chamado à liça por causa desta crise.

O indecente é ninguém ter mandado investigar onde foram empatados os dinheiros dos clientes dos bancos.

O indecente, é as entidade que concedem crédito fácil, entrem VIOLENTAMENTE pelas casas de cada consumidor, desejoso de ter o mínimo que a sociedade de consumo lhe proporciona, e agarra as "ofertas" exploradoras que lhe são feitas enquanto está sentado no seu sofá.

O indecente é o Estado ter deixado de regular os mercados, e ter desregulamentado o que já existia, tudo em nome do lucro e da sagrada mão invisível do Sr. Adam Smith.

O indecente, é nós termos que levar com eles e nada fazer, até novas eleições, quando poderá mudar a cara, mas a merda continuar a ser a mesma.

Isto é tudo tão indecente, que quase chega a raiar a obscenidade e a pornografia.

3 comentários:

  1. JNS a verdade é que nesta como noutras matérias, o pessoal só acredita, quando o mal lhe bate à sua porta. O somatório de milhões e milhões de gestos, quer a nível individual, quer a nível das instituições é que faz com que se vá hoje gastando nos anéis, e querer fazer figura de rico, sem ter a mesma preocupação que as formiguinhas têm, e depois quando a merda chega, ai Jesus quem nos acode...
    Por enquanto vão arranjando soluções... mas até quando?!

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  2. Lá pelas Américas a crise que estalou agora teve inicio nas politicas do Clinton...que por acaso até é do mesmo partido do Obama de quem toda a gente gosta!!!!

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  3. Olhe que não, olhe que não.

    As políticas de desregulamentação do controle do sistema finaceiro Norte-Americano pelo FED foram da lavra de George W. Bush e do antecessor do Sr. Paulston, penso eu de que.

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