segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Olhares de Férias V - País Bipolar





Somos um país bipolar.

Conseguimos passar de um estado de euforia generalizada, a um estado depressivo profundo.
Não chegou o desaire do Euro 2008, para, logo a seguir, as nossas estrelas olímpicas nos deixarem à beira de um estado de nervos face ao não aparecimento de resultados.

Chegámos à conclusão que, a par das expectativas desproporcionadas criadas pelo Comité Olímpico Português, mandámos a Pequim uma comitiva de primas donas que pensavam que era tudo favas contadas.

Esqueceram-se que é tão legitimo para eles, como para os outros, pensarem dessa maneira.

Nelson Évora e Vanessa Fernandes salvaram a honra do convento e a face dos portugueses.

Obikwelu e Neide Gomes, em minha opinião, foram vencedores. Um pela humildade e outra pela forma digna como demonstrou que numa prova tudo pode acontecer, e ninguém é dono dos acontecimentos.

Perdedores foram os profissionais da Comunicação Social, que como verdadeiros vendedores de sonhos, impingiram a ideia de que a comitiva iria regressar coberta de medalhas, quando viu que a coisa não iria ser bem assim, começaram a tratar os atletas como bestas, só faltando atirá-los à fogueira, para depois, retomarem a deriva inicial, porque a mera matemática dos pontos e das medalhas, conseguiram transformar um desaire numa quase vitória grandiosa; a melhor participação portuguesa de sempre nos J.O.

Mas pormenores ficaram por dizer.

Como explicar a não presença de psicólogos na comitiva?
Como explicar que ficaram treinadores em Lisboa para dar lugar aos dirigentes federativos na viagem a Pequim?

Como explicar que o Presidente do Comité Olímpico Português declarou não se recandidatar, abrindo portas a uma renovação, e, de repente, aparece de novo na corrida?

Estas questões colocar-se-iam com a mesma pertinência perante a delegação da Guiné-Bissau, em grande parte custeada com dinheiros portugueses, composta por 27 elementos: 3 atletas, e os restantes, dirigentes.

Meio-triste estará o Primeiro Ministro que esperava ter um motivo para desviar as atenções dos portugueses, mas como os resultados ficaram áquem do esperado, os portugueses limitaram-se a ficar sentados na areia, a olhar o mar, e a pensar como hão-de repor as finanças domésticas após o desvario das férias.

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