
Estão a decorrer as votações para a eleição do novo Presidente do Estados Unidos da América.
Boa notícia: George W. Bush vai-se mesmo embora.
Em minha opinião, nunca o mundo esteve tão perigoso como durante o consulado deste senhor, da extrema direita americana. Nem mesmo durante a détente da Guerra Fria.
Hoje debatem-se duas gerações, de partidos que, formalmente diferentes, têm muito de igual, até mesmo devido às ideossincrasias do país a que pertencem.
De facto, há políticas defendidas pelos democratas que estão muito à direita das defendidas pelos republicanos, tal como como se verifica o inverso; um democrata dos estados do sul, como a Luisiana ou o Mississipi, poderá muito bem ter convicções bem mais à direita que um republicano de Nova Iorque.
O que quero dizer é que, ganhe quem ganhe, o país será o mesmo, com os mesmos cidadãos que, colectivamente, entendem como um destino sagrado do seu país o mandar no mundo.
McCain está, definitivamente, à esquerda de George W. Bush. Obama é um produto refinado do marketing político americano, e consequência de uma vingançazinha de alguns sectores democratas relativamente ao clã Clinton.
McCain deu um tiro no pé, diria mais, uma rajada nos dois pés, com a escolha de Sarah Palin, que, com a cabeça cheia de moralidades bacocas, não tem espaço para colocar um travão de língua.
Obama foi buscar Biden numa tentativa desesperada de colher a experiência que ele próprio não tem, e, creio, não fez a melhor escolha, por se tratar um homem do sistema, que ele, Obama, tanto diz querer contrariar.
Claro que espero que Obama vença.
Mas não terei qualquer desilusão se se vier a verificar que se tratará de apenas mais um Presidente dos EUA.
Kennedy foi um Presidente revolucionário para os EUA. Era jovem, católico, progressista, mas foi, também, o presidente que levou os americanos para o Vietname e que fez a invasão da Baía do Porcos.
Para mim, só que Obama se virasse para dentro dos Estados Unidos, para resolver a crise que por lá vai, mãe da actual crise global, já era bom. Que ele retirasse rapidamente do Iraque e do Afeganistão, já seriam mais valias acrescidas, e se não agisse como cão de guarda do mundo, seria a cereja no cimo do bolo.
Mas, se calhar, já estou a pedir demais...
PS (de post scriptum, não daquele que alguns gostam muito): sabiam que o país com maior divida externa mundial e aquele em que é maior o fosso entre ricos e pobres são os Estados Unidos. Neste último indicador, Portugal é o terceiro. Pensei que gostassem de saber...