A minha opinião acerca do voto branco é conhecida, e já assim pensava acerca do assunto antes de José Saramago ter escrito o "Ensaio sobre a lucidez".
Considero que considerar o voto branco quase ao nível da abstenção é um erro.
De facto, enquanto que a abstenção demonstra um desinteresse pela vida política, expresso através da omissão do dever de participar na eleição, o voto em branco é um voto demonstrativo do interesse e vontade de participar na vida pública e política nacional, sancionando, no entanto, partidos e sistema político.
Como tal, o voto em branco deveria ter "representação" parlamentar, através das cadeiras de deputado vazias proporcionalmente representativas dos votos brancos entrados nas urnas.
Creio, que se esta medida fosse implementada, para além da poupança notória, não demoraria muito a que uma parte substancial do hemiciclo estivesse pejado de cadeiras vazias.
Penso que nessa altura alguém pensaria em mudar condutas e alteraria o sistema eleitoral, começando pelas distorções profundamente anti-democráticas provocadas pelos cadernos eleitorais repletos de votantes fantasma.
Isto já não vai lá com limpezas dos cadernos. Há que exigir um novo recenseamento, começado do nada, para que, nas próximas eleições, os cadernos estejam em ordem e permitam saber, efectivamente, quantos eleitores existem em Portugal.
O outro passo seria acabar com os círculos eleitorais, e a constituição de um círculo nacional único.
Só assim terminariam as desvirtuações sucessivas que se têm acumulado neste sistema e que têm adulterado substancialmente o sentido da vontade expressa pelos portugueses.
Quanto às candidaturas unipessoais, isso é outra conversa com implicações muito mais profundas que aquilo que se pode imaginar.
Digo eu ... sei lá.
Sem comentários:
Enviar um comentário