quinta-feira, 29 de maio de 2008

O que se diz ...


Desde há uns tempos a esta parte, e fruto de uns escritos surgidos na blogosfera, neste e noutros blogs, tenho sido acusado de tudo um pouco: de ingrato a canalha, os epítetos têm sido à vontade do freguês, umas vezes identificado, outras não.


Mas não é o facto de falarem sob anonimato que me incomoda, porque está no âmbito das liberdades de cada um decidir como se apresenta.


Já me incomoda que me apresentem como ingrato, mormente quando me acusam de ser ingrato para com Castro Verde e para com os castrenses.


Gostava que quem me acusa dessa atitude viesse a terreiro, anonimamente ou não, dizer, em concreto, em que momento é que fui ingrato, e de que forma o fui.


Apenas posso concluir que o mero exercício de liberdade de opinião relativamente a assuntos de política local pode ser automaticamente transformado em atitude ingrata.


Também, já por diversas vezes o fizeram, deram a entender que, quando da minha saída da Câmara, teria recebido subsídios, presumo que de reintegração, o que é completamente falso, e, de novo desafio quem tenha provas em contrário que venha publicamente mostrá-las.


Também fazem muitas referências à minha condição de não nascido no Concelho. Para começar, creio, e que a memória não me falhe, isso ainda não constitui crime, e se o for, então a minha terra de naturalidade, Lisboa, está cheia de criminosos, muitos deles castrenses, e familiares de alguns dos que me apontam o defeito de ser lisboeta.


Se estiver enganado quanto à licitude da minha condição de cidadão nacional migrante, por favor esclareçam-me, porque a última coisa que pretendo é estar fora da Lei.


Relativamente à minha passagem pela Câmara de Castro Verde, que parece que constitui um verdadeiro highlight da vida autárquica local, e que entenderam querer fazer dela uma cruz com que tenho que penar pelo resto dos meus dias, apenas tenho que dizer que tenho a minha consciência tranquila relativamente ao trabalho que desenvolvi, o que só é possível por ter dedicado o melhor esforço no cumprimento das minhas funções.


Quanto à saída, aos motivos, à forma, às causas e às consequências, é assunto sobre o qual não me quero pronunciar publicamente, por se tratar matéria susceptível de maior constrangimento para quem teve a parte activa na situação, muito mais que qualquer dos textos que tenha ou venha a publicar neste blog, e volto a repetir a mesma frase: as boas, como as más acções, ficam com quem as pratica.


Esclareço, ainda, que não pretendi atingir o Arquitecto Duarte, no post sobre a Cavandela em que é referido, até porque se trata de pessoa por quem tenho muito respeito e apreço, apesar de uma relação profissional que foi breve, não entendendo como se pode deduzir que fazendo referência à sua competência técnica, designadamente no acompanhamento do Projecto Cavandela, o estou a transformar num alvo.


Por fim, a todos aqueles que me acusam de ingratidão gostaria que aqui viessem dizer, em concreto, quais as mentiras que foram escritas pela minha pessoa, desde que saibam, é óbvio, distinguir uma facto de uma opinião.


Ficamos a guardar.


Recolha de Óleos Domésticos em Castro Verde

O Município de Castro Verde deu início ao processo de recolha de óleos de uso doméstico, destinado a posterior transformação em bio-diesel.
O centro de recolha situa-se na Rua de Almodôvar, no Estaleiros Municipais, e está aberto tanto a particulares como a empresas, designadamente, da restauração e hotelaria.
Caso se justifique, e a pedido dos munícipes, poderá ser efectuada recolha doméstica.
Trata-se de uma medida importante e meritória, que produzirá resultados ao nível ambiental, pelo que deverá ser apoiada pelo munícipes.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ainda a Cavandela



Pouco a pouco vou obtendo mais pormenores acerca da Sessão Pública de Apresentação do Plano de Pormenor do Projecto da Cavandela.

Através de amigos, que assistiram, e que me contaram em separado, portanto corroborando as versões ouvidas, o Sr, Presidente da Câmara também tem alguns receios, designadamente relativamente à água e à capacidade de "alimentar" o sorvedouro em que se irá transformar aquele complexo.

Também se ficou a saber que O Arquitecto Duarte, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, e que acompanhou competentemente o andar do projecto, em representação da Câmara, terá sido convidado a vir para Castro Verde, pelo autarca residente, para tomar conta da tarefa.

Que todos sabemos da capacidade e competência técnicas de Francisco Duarte para pegar em projectos de envergadura, como foi o caso do Parque de Campismo, é um facto inquestionável.

Também se reconhece a Fernando Caeiros a sua visão, como autarca, o que não se questiona.

O que não se sabia, era que essa visão tinha fortes capacidades de premonição e adivinha.

Eu explico.

O Arquitecto Duarte voltou para Castro Verde em finais de 2001, princípios de 2002.


O Projecto da Cavandela começou a ser falado em Março de 2005, quando apareceram os promotores espanhóis, mas o convite ao primeiro, para tomar conta do recado, terá sido feito em 2001/2002.

Conclusão: 3 anos antes, já o Presidente da Câmara sabia que iria surgir um projecto enorme, e até sabia do que se tratava, e onde seria implementado. Daí a convidar o Arquitecto Duarte foi um passo.

Eis o que penso. O Presidente da Câmara mais depressa tira todos os dentes que elogia publicamente alguém que trabalhe consigo. Então para reconhecer o excelente trabalho de Francisco Duarte, tinha que compensar com algo ainda mais extraordinário e competente, ou seja, a sua própria capacidade visionária.


Enfim... as boas, como as más acções, ficam com quem as pratica.

Outra novidade.

Segundo publica a revista Cultos, alguns dos membros do Conselho de Opinião, terão usado da palavra, para tecer algumas considerações acerca do projecto.

A Presidente da Junta de Freguesia de Castro Verde, onde se localiza a Herdade da Cavandela, manifestou os seus receios pela pressão demográfica que se prevê vir a acontecer, face à implementação do projecto.

E terá chamado a atenção para as consequências que tal fenómeno possa ter nas "vivências específicas da comunidade local", apesar de sublinhar a importância do empreendimento.

Manuela Florêncio marcou pontos a favor, o que me faz reconsiderar a minha prévia decisão de não voltar a dar-lhe o voto, caso se candidate, como é óbvio.

Também, Rita Alcazar, da Liga para a Protecção da Natureza, manifestou alguma apreensão face "às características deste projecto que poderão gerar impactes negativos, ao nível da avifauna nomeadamente na deslocação de algumas espécies para outros territórios, embora não se perspective, realçou, que isso constitua mutações muito expressivas".

No meu entender, impactes negativos são sempre negativos. Cabe ao promotor, e à autarquia envidar todos os esforços para minorá-los.

Também Constantino Piçarra, do Bloco de Esquerda, terá dito que este projecto "está longe de constituir " a galinha dos ovos de ouro que se anuncia"".

E eu estou de acordo, mantendo, no entanto, que se trata de um projecto importante para o futuro do concelho mas que, e falando em aves poedeiras, cautelas e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sondagem castro.verde.blog


A sondagem castro.verde.blog sobre regionalização encerrou hoje, tendo recolhido 14 participações, em resposta à pergunta "Concorda que se avance imediatamente para a Regionalização Administrativa do país?", com os seguintes resultados por hipótese:

Sim, directamente - 12 (85%)

Sim, com referendo - 0 (0%)

Não concordo com a regionalização - 2 (14%)


Mais uma vez, salienta-se que estas sondagens não possuem qualquer valor científico, servindo apenas para aferir o sentimento dos visitantes do blog acerca das questões colocadas.

Bloco de Esquerda de Castro Verde Luta Pela Recuperação da EN123


O Bloco de Esquerda de Castro Verde lançou uma campanha de luta pela reparação urgente da EN 123, a estrada Nacional que liga Castro Verde a Mértola.

Intitulada "Fim da Picada" a acção visa pressionar as entidades responsáveis no sentido de se iniciarem as obras necessárias à requalificação daquela estrada, que está num estado calamitoso, classificando-a Adelino Coelho, de "uma verdadeira picada", daí o mote da acção.


De facto, há anos a fio que se promete uma intervenção de fundo naquela via, que serve inúmeras localidades e lugares dos concelhos de Castro Verde e Mértola, e essencial para a deslocação entre as duas sedes de concelho.


Quase todos os anos, certamente em todos aqueles em que há eleições, surgem as promessas e as garantias de que agora é que é, mas, na realidade, ainda está para ser.


No entanto, as eleições tornaram-se realidade, e as sequentes maiorias também, e de estrada reparada, nada.

domingo, 25 de maio de 2008

Urbanismo à moda de Castro Verde

Desde há mais de um ano, está a ser construído um edifício no Lado Norete da Vila, mesmo ao lado da antiga estrada de Entradas, destinando-se esse edifício a armazém da Associação de Agricultores do Campo Branco.

Esclareço desde já que nada me move contra esta associação e os seus membros.

No entanto, pessoalmente, estou a ser atingido pela construção dos seus armazéns, mesmo debaixo do meu nariz, e sê-lo-ei ainda mais quando começarem as actividades que se prevêem para as ditas instalações.

Segundo consta, o armazém servirá para guardar equipamentos diversos, rações e semente, sendo que estará, em princípio, afastada a hipótese de armazenamento de vacinas.

No entanto, e confirmando-se o que tem corrido em diversos blogues, está em construção uma estrutura destinada a desinfecção e a desinfestação de camiões, propriedade de associados, sendo de imaginar, que se incluem os camiões destinados a transporte de gado.

Assim sendo, passarão a ser guardados stocks produtores de pós e lavados camiões, com recurso a desinfestantes e insecticidas, na estrutura que se construiu dentro do perímetro urbano, no seio de uma zona residencial e a escassos metros da habitações pré-existentes no local.

A Associação de Agricultores do Campo Branco faria, o que está a fazer aqui, em qualquer outro local.

Acontece que este local foi aquele que foi cedido, preço preferencial, pela Câmara de Castro Verde.

Pergunta: a Câmara de Castro Verde sabia que o destino das instalações a construir seria aquele?

Pergunta: se sabia, porque cedeu aquele terreno, quando é proprietária de muitos outros em volta da vila?

Pergunta: se não sabia, porque autorizou a construção da edificação dentro do perímetro urbano, quando há anos e anos se anda a debater a questão da proliferação de zonas industriais e similares dentro, ou na proximidade do aglomerado urbano, com as implicações ambientais que tal acarreta.

Pergunta: se não sabia, e depois de ter sido amplamente divulgado pela blogosfera, porque não se tentou informar e depois informar os munícipes, para além de tentar limitar os efeitos negativos do empreendimento?

São apenas umas questões a que alguém de direito devia dar resposta.

Penso eu.


Porque não funcionam os semáforos em Castro Verde?

Há uns dias atrás levantei a questão de se terem colocado semáforos no cruzamento da antiga farmácia, em Castro Verde, e, ao fim de quatro meses, ainda não estarem a funcionar, como seria de esperar.

Correlativamente, questionei se a consideração que os cidadãos merecem é tão pouca que não houve até à data uma explicação pública para o facto.

Ainda relacionado, questiona-se, porque despareceram as passadeiras de peões que existiam no referido cruzamento.

Ao que tudo indica, os semáforos não são ligados devido a problemas técnicos a que o Município é alheio, portanto, da interia responsabilidade da empresa que instalou os ditos sinais luminosos, e que, por incapacidade ou falta de vontade, não tem conseguido resolver a questão.

Em conclusão, tivesse havido um bocadito de sensibilidade e de comunicação, e há muito tempo estaria esclarecida a situação dos semáforos desligados, e a aquestão de a Câmara não dar a conhecer aos seus munícipes as coisas comezinhas da vida local quaotidiana.

Fica apenas por esclarecer, porque não foram re-pintadas as passadeiras de peões, que tanta falta têm feito a quem por ali passa.

Fica este espaço ao dispor para prestar os esclarecimentos que, quem de direito entender dar.

sábado, 24 de maio de 2008

Abastecer na GALP?

Primeriro era aumento. Depois não era. Mas afinal sempre foi.

Os combustíveis aumentaram novamente, o que cada vez mais se está a tornar numa não-notícia.

Dedicado à Administaração da GALP, aos Ministros das Finanças e da Economia, directamente do nosso caro colega Cópiaperfeita, copiámos perfeitamente este post.

ABASTECER NA GALP? NEM QUE A RAPARIGA DA BILHA ME LEVE AO COLO!




publicado por copiaperfeita às 2008-05-24 21:18:00

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O Capitalismo Não é o Fim da História!


O Blog Alvitrando é, quer se goste, quer não não se goste, uma referência incontornável na blogosfera, pela objectividade e pertinência com que publica notícias de âmbito regional e nacional, ou pela forma livre, clara e desassombrada com que o seu moderador, Lopes Guerreiro, expõe sustentadamente as suas opiniões.

Com o devido respeito, transcrevo neste espaço um post com o qual concordo integralmente, e desta forma subscrevo, e que contém matéria acerca do qual vale apenas meditar.

O capitalismo não é o fim da história!

As tentativas de substituir o capitalismo pelo socialismo não deram, até agora, bons resultados e tiveram, nalguns casos custos insuportáveis. Mas importa não esquecer que algumas conquistas dos trabalhadores e civilizacionais não teriam sido alcançadas, ou teriam sido mais difíceis de alcançar, sem aquelas experiências.
Sou dos que continuam a acreditar que, por terem falhado aquelas experiências, não foi demonstrado que o capitalismo seja a melhor solução para o mundo melhor, que ambicionamos.
publicado por JLopesGuerreiro in http://alvitrando.blogs.sapo.pt/ , a 17 de Maio de 2008

Portugal: N.º 1 em Assimetrias

Segundo um relatório da Comissão Europeia, Portugal é o país da União Europeia que apresenta maior nível de assimetrias, ao nível social.

Do lado, oposto, a Suécia e a Dinamarca são os campeões da partilha da riqueza.

O Governo Português reagiu de imediato, claro, invocando que os dados se reportam a 2004.

O Eurostat corrigiu a análise, e melhorou um bocadito a imagem de Portugal. Afinal, a Roménia entretanto entrou para a U.E.

Parece que o Partido Socialista não teve responsabilidades governativas entre 1995 e 2002, e que não contribuiu decisivamente para os dados de 2004.

E também parece que o actual Primeiro Ministro não integrou os Governos de Guterres, e este não eram apoiados pelo Partido Socialista.

Enquanto isso, Portugal foi ultrapassado por Chipre e Malta, entre outras poderosas economias europeias.

O que dá que pensar é que países "miseráveis", "atrasadíssimos", onde as "crianças morriam da mais imensa miséria, em plena rua", como a República Checa (ex- Checoslováquia), Bulgária, Hungria e Polónia, em muito menos tempo, passaram para a frente de Portugal.

Afinal, das duas uma, ou não estavam em tal mau estado, ou então aprenderam muito mais rapidamente que Portugal, em tempos os melhor aluno da U.E., a aplicar os apoios facultados.

Já agora: quem vai prestar contas, às gerações futuras (porque já perdi a esperança que prestam à minha) do fracasso redundante que se está verificando na escolha do modelo de desenvolvimento e na aplicação dos apoios, muitos milhares de milhões de euros, entrados em Portugal e dos quais não se vêem resultados proporcionais.

E, já agora, porque não, importam-se de informar quem vai pagar a factura?

Ou pensavam que não havia retorno?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sim, Somos Acomodados


Publico hoje um texto escrito de um autor brasileiro, Alessandro Eloy Braga, em resposta a uma afirmação do Presidente Lula da Silva, de o povo (brasileiro) está acomodado.


Por acaso, foi escrito por um brasileiro

Por acaso, o povo em causa é o brasileiro
Por acaso, o Presidente é o brasileiro
Por acaso, a realidade descrita é a brasileira


Acaso a realidade descrita fosse a portuguesa
Acaso, o Presidente fosse o português
Acaso o povo em causa fosse o português
Acaso o escritor fosse português
O texto seria, com as devidas adaptações, o mesmo, ou pelo menos com o mesmo sentido.
E o sentido global, é o de que chegámos ao que chegámos, porque colectivamente deixámos de questionar, e passámos a respirar o ambiente podre que nos quiseram impor.
Há quem goste de estar acomodado, na sua majestática grandiosidade, e que em vez de questionar o poder, critique os que questionam.

Eu, não gosto!


Sim, Somos Acomodados



Sim, Excelentíssimo Senhor Presidente da República, somos acomodados.

Somos acomodados porque aceitamos receber um salário mínimo de R$ 300,00 reais, enquanto os franceses recebem um de R$ 4.000,00.

Somos acomodados porque aceitamos pagar juros e encargos contratuais a cartões de crédito e bancos que ultrapassam os 12% ao mês e porque aceitamos que a Caderneta de Poupança renda apenas 0,5%.

Somos acomodados porque aceitamos que o Governo passe a cobrar novamente contribuição social dos aposentados. Somos acomodados porque permitimos que nossos idosos passem mais de 10 horas em uma fila para receber ou dar entrada em sua aposentadoria.

Somos acomodados porque aceitamos que o Comitê de Política Monetária do Banco Central aumente todos os meses a taxa básica de juros e que isso provoque um efeito cascata na economia que nos faz pagar os juros mais altos do mundo em todos os setores do mercado.

Somos acomodados porque aceitamos pagar mais de 40% do valor de tudo o que compramos em impostos e impostos e impostos e impostos e impostos... Somos acomodados porque aceitamos pagar em impostos retidos na fonte o equivalente a três meses de trabalho.

Somos acomodados porque aceitamos transitar em rodovias e avenidas deterioradas e que danificam nossos carros e que provocam tantos acidentes e que matam tantas pessoas, enquanto não sabemos exatamente para onde vão as verbas arrecadas com a enorme quantia que pagamos em impostos como o IPVA, CMPF e aqueles cobrados sobre o preço dos combustíveis.

Somos acomodados porque aceitamos colocar nossos filhos em escolas públicas deterioradas, sem segurança, com profissionais desanimados e insatisfeitos, com professores que são vistos como os profissionais mais desclassificados da sociedade e que ganham salários que não são suficientes nem para preencher o vazio da barriga, quem diria se alimentar de cultura. Ou como disse o outro Presidente que o antecedeu: que os professores são apenas pessoas que não conseguiram ser outra coisa melhor na vida, são derrotados.

Somos acomodados porque permitidos tantas diferenças sociais e que tantos passem fome e vivam abaixo da linha da miséria, porque é evidente que somos nós que fazemos essa distribuição desigual da renda. Somos acomodados porque permitimos que os madeireiros destruam a selva amazônica e que os norte-americanos e europeus e japoneses roubem nossa biodiversidade e depois a venda a nós por preços altíssimos.

Somos acomodados porque ainda comparecemos às urnas de dois em dois anos para escolhermos pessoas que não representam o povo, mas que representam apenas seus próprios interesses. Somos acomodados porque ainda não revolvemos, todos nós eleitores, anular nossos votos e mostrar nossa descrença em governos como o seu. Somos acomodados porque aceitamos que estes "representantes do povo" façam leis que não beneficiam em nada ou muito pouco o povo ou que aumentem, quando bem entendem, os seus próprios salários, que já passam de R$ 35.000,00, somadas todas as regalias parlamentares.
Somos acomodados porque permitimos as altas taxas de desemprego. Somos acomodados por vivemos em um país em que, para se comprar uma simples geladeira, é preciso dividir seu preço em 24 vezes, com juros falsos de 1% ao mês, quando deveríamos ser capazes de comprá-la à vista.

Somos acomodados porque permitimos o aumento das tarifas básicas de água, luz e telefone e dos combustíveis, valores que representam as maiores contribuições para o aumento da inflação e que são, em sua maioria, autorizados por esse mesmo Governo que chama seu povo de acomodado.

Sim, somos acomodados porque permitimos que nossa segurança pública seja tão precária. Somos acomodados porque permitimos que os bandidos (traficantes, ladrões, seqüestradores, parlamentares, prefeitos, governadores, ministros e presidentes, entre outros) tomem conta de nossa sociedade e façam desse povo uma simples massa de manobra.

Sim, somos acomodados porque acreditamos que um operário, um homem saído do sofrimento mais rude da seca, um sindicalista, um ex-comunista, um nacionalista fosse fazer algo de significativo pelo país, provocar mudanças profundas nas estruturas políticas, econômicas e sociais e por isso fomos acomodados e votamos em Vossa Excelência, e acreditamos em Vossa Excelência.

Sim, Senhor Presidente, somos acomodados porque somos nós que não oferecemos uma educação de qualidade, capaz de formar cidadãos críticos, lutadores e não acomodados. Sim, Senhor Presidente, somos acomodados porque aceitamos que o Senhor vá à televisão e diga palavras tão vis e hipócritas a esse povo que é tão acomodado por não acreditar mais que seja possível mudar algo nesse país de pouquíssimos escolhidos e de muitos apartados.

Somos acomodados porque ainda conseguimos sobreviver nesse Brasil que nem é o nosso.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Novo Aumento dos Combustíveis






Os combustíveis vão aumentar novamente.


É o 20.º aumento desde o inicio do ano.


O Ministro da Economia disse que vai investigar ...


Agora.

Inquério Castro.Verde.Blog


No dia da abertura deste blogue foi colocado um inquérito ao dispor dos visitantes, com a seguinte pergunta:


Considera-se suficientemente informado acerca do Projecto da Cavandela e das consequências futuras para Castro Verde?


Votaram 19 visitantes.


As opções, e respectivos votos foram os seguintes:


Muito bem informado - 2 votos - 10%

Bem informado - 3 votos - 15%

Pouco informado - 10 votos - 52%

Muito pouco informado - 4 votos - 23%


Claro que estes inquéritos se destinam a escrutinar a sensibilidade de quem por cá passa, e não possuem qualquer rigor científico, podendo o resultado ter sido completamente inverso.


No entanto, as pessoas que votaram manifestaram-se maioritariamente no sentido de não se considerarem bem informadas acerca do projecto da Cavandela.


Eu votei "Pouco informado"

domingo, 18 de maio de 2008

Porquê?

Se há coisa que os cidadãos estranham, seja em que lugar for, é encontrar investimentos públicos, centrais ou locais, com uso inadequado, insuficiente, ou, meramente, sem uso algum.


Há uns dias alguém, e bem, questionou a utilidade de uma famosa pála construída na zona de Alcântara, mesmo por baixo da Ponte 25 de Abril.


Parece que aquilo fazia parte de um complexo de edificações, do Porto de Lisboa, e terá custado à sua Administração, empresa pública, a módica quantia de 600.000€, qualquer coisita como 120.000 contos.


Também parece que, como a construção do que falta não avança, a estrutura tem sido aproveitada para uns concertos e umas exposições.


Ao comum cidadão importa acima de tudo saber como se gastam e por onde vão os fundos angariados pelo erário, não achando particular graça aos inúmeros monos que vão surgindo um pouco por todo o país.


Castro Verde tem também tem a sua quota parte.


Equipamentos pouco utilizados, não por falta de oferta de eventos, mas por excesso de equipamentos, são conhecidos de todos, sendo o caso mais grave o do Pavilhão de Mostras e Exposições do Largo da Feira, que ainda o povo anda à procura de saber para que serve ao certo.
Mas, muito mais corriqueiro e prosaico, é a situação do cruzamento das Ruas de Aljustrel, de Casével e Avenida General Humberto Delgado.


É um cruzamento difícil, que, mereceu a instalação de um conjunto de semáforos.


O que não se compreende é porque é que há meses que os ditos estão instalados e se mantêm desligados.


Note-se que não estou contra os semáforos. Antes pelo contrário, sempre defendi a sua instalação como uma das soluções, afastadas que foram outras, no meu entender, mais agradáveis paisagisticamente. O que me custa é saber que alguém sabe porque é que os sinais não são ligados, mas não deixam saber quem deve saber: a população.


Um bocadito de informação à população não fazia mal nenhum.

Aliás, de dia para dia vão-se ouvindo cada vez mais reparos quanto à falta de informação a que a Câmara Municipal vota a população, sendo que o órgão oficial, O Campaniço, é, acima de tudo, um óptimo veículo de propaganda pessoal de quem o dirige, mas muito parco relativamente às questões acerca da quais a população gostava de estar mais esclarecida.

Penso eu.

Sporting Conquista a Taça de Portugal


O Sporting Clube de Portugal conquistou hoje, em jogo disputado no Estádio Nacional contra o Futebol Clube do Porto, a Taça de Portugal.

O Sporting encontrava-se na condição de detentor do troféu, situação transitada da época passada, pelo que o conquista pela segunda vez consecutiva.

O resultado do desafio de hoje, 2-0, foi obtido durante o prolongamento, com dois golos de Tíui.

É a 16ª edição da competição conquistada pelo Sporting.

Ao conquistar a Taça de Portugal, a Supertaça e o 2º lugar na Liga, não se pode dizer que esta época tenha sido má para o Sporting, muito embora, pessoalmente, tenha duvidado que o meu clube chegasse ao fim nestas condições, e até colocasse em causa a competência do sue treinador.

Ainda considero que Paulo Bento, para já, poderá não ser o treinador indicado para o Sporting, muito embora também considere que fez, no cômputo final, um bom trabalho, considerando a su pouca experiência como trainador e o nível global menos bom do plantel colocado à sua disposição.

Seja como fôr, parabéns ao Sporting, à equipa técnica e ao plantel.

Para o ano há mais.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Regionalizar é Um Imperativo

Portugal nos últimos 200 anos teve um percurso político que tem adiado sucessivamente a sua viabilidade como país moderno, entendendo-se como tal, o equilíbrio necessário entre desenvolvimento económico e as contrapartidas sociais e de qualidade de vida da sua população.

Desde as invasões napoleónicas, este país esteve debaixo do domínio inglês, que subjugou a economia nacional aos seus próprios interesses; esteve debaixo de guerras civis fratricidas, que perturbaram a vida nacional durante décadas, repercutindo-se os seus efeitos muito para além do fim das hostilidades; teve uma monarquia parlamentarista, fraca, sem força para se impor internacionalmente, e internamente, subjugada aos interesses de uma nobreza surgida da burguesia emergente da imberbe Revolução Industrial, que por estas bandas não chegou a passar de um mero levantamento; sofreu as indecisões governativas republicanas; padeceu do jugo de 48 anos de regime ditatorial fascista e autoritário; sofre há 32 anos das consequências de um regime bi-partidário do agora governo eu, agora governas tu.


Neste período de duzentos anos, teve 2 anos e meio, em que a governação se virou, de facto e claramente, para as condições sociais e para o pais real, sem contingências impostas pelos grandes grupos económicos, e em que foi governado por partidos de todo o arco político português: do MDP ao CDS.


Ainda hoje, passados que são 32 anos, os governos burgueses que vêm dominando a política portuguesa têm imensas dificuldades em acabar com as reformas implementadas nesse período breve, mas profícuo.


Foi nesse período que foi constitucionalmente consagrada na Constituição da República uma das maiores conquistas políticas do povo português: o Poder Local, as autarquias locais.


Portugal chega a 1974 com uma situação paradigmática. Os índices de desenvolvimento mostram as zonas urbanas das grandes urbes com níveis próximos dos europeus, e o resto do país com níveis que em muito pouco diferiam de algumas zonas de África e da América do Sul.


Esta realidade era, claramente, fruto da centralização no governo da República da aplicação de todos os fundos públicos.


O Poder Local veio alterar radicalmente esta situação, passando a ter a importante função e tarefa de optar, de investir, de desenvolver as potencialidades de cada Município, de acordo com as reais necessidades das suas populações, apenas possível devido à proximidade com que sentiam os problemas que careciam de resolução.


Foi, claramente, graças ao Poder Local que o país apresenta hoje os níveis de desenvolvimento e de qualidade de vida que apresenta, apesar das assimetrias persistentes, porque nem todas as autarquias têm capacidade para implementar mudanças, e nem todos os autarcas o querem fazer.


Se tentarmos imaginar como seria este país sem Poder Local, face ao exercício governamental das últimas décadas, claramente chegaríamos à conclusão que, nem de perto nem de longe, teríamos chegado ao nível de desenvolvimento que actualmente se verifica.


Em sentido inverso, a não implementação das Regiões Administrativas têm provocado um atraso significativo no desenvolvimento regional, pelos entraves existentes ao desenvolvimento de programas regionais que promovam o entrosamento das iniciativas municipais, numa lógica regional, por um lado, e pelo impedir de desenvolvimento regional de programas e iniciativas plurimunicipais.


É pois imperativo nacional a implementação urgente das Regiões Administrativas, sem recurso a referendo, de forma a que haja de imediato a aproximação das políticas regionais estruturantes às populações.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Controle do Preço de Combustíveis

Esta crise provocada pelo aumento dos preços do crudo não está a ser desgradável para toda a gente.

Senão vejamos:

Os refinadores (Galp, Repsol, BP, etc.) têm a hipótese de fazer aquilo que querem, sem terem que justificar lucros pornográficos, ao mesmo tempo que a economia nacional sofre as consequências dos aumentos, que têm que reflectir no preço final dos produtos.

Só assim se se justifica a contínua cartelização dos sector, sem que da autoridade(?) da concorrência se oiça um pio, chegando ao ponto de concertarem a hora em que muda o preço.

Os retalhistas, que cobram uma percentagem sobre o valor da gasolina à porta da refinaria, quanto maior for esse valor, maior é o valor do seu lucro.

O Governo, vai paulatinamente enchendo os cofres com a cobrança de impostos directos e indirectos, já que do comércio de combustíveis são gerados impostos como o ISP, IVA, IRC.

A GALP e a BP, embora para nós nos interesse a primeira, como empresasextractoras/produtoras ainda acrescentam os lucros provenientes do aumento da matéria prima.

Enquanto isto, contribuinte/consumidor, vai ficando com os bolsos vazios à custa de tanto encher os outros todos acima referidos.

Lá vai tempo, esses tempos em que muita gente que hoje se lamenta, em que o Estado tinha poderes para interferir no mercado e pôr cobro, pelo menos à situação que se vive de estarmos dependentes das marosquices que a gula do lucro vai justificando.

Talvez esteja na hora de voltar, pelo menos, à preço máximo, ficando apenas liberalizado os preços para baixo desse tecto.

Isto, sem falar obviamente, que o Governo deveria mexer urgentemente nas taxas de ISP que aplica, entre outras medidas que les bem sabem que podem implementar.

Pode ser que o Eng. Sócrates aprenda alguma coisa com Chávez.

Se calhar estou a pedir muito ...

Combustíveis Voltam a Aumentar

Os combustíveis aumentaram novamente, pela 17ª vez este ano.

Alegadamente, os aumentos devem-se aoaumento preço do crude.


O consumo de combustiveis baixou.


A BP, em Portugal, lucrou, no 1º trimestre deste ano, mais 68% que em período homólogo do ano passado.


Alguém se importa de explicar o que se passa aqui?

Tejo Que Levas As Águas

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar


Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores

Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro


Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar


Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais


Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas


Leva nas águas as grades
...


Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo


Tejo que levas nas águas
...




Poema de Manuel da Fonseca, magistralmente musicado e interpretado por Adriano Correia de Oliveira.




Pela sua actualidade e pertinência, terá sempre lugar de destaque neste blog

Russia Tem Novo Presidente e o Mesmo Czar


A Rússia foi a votos, e o partido de Vladimir Putin foi o vencedor incontestado de uma eleição com métodos de duvidosa democraticidade, com o controle de meios de informação estatais a favor do partido do então presidente ou pressões absurdas sobre os órgãos de comunicação independentes ou não estatais.

A Rússia foi novamente a votos, para eleger o novo Presidente, saindo vitorioso o candidato do então Presidente Ptin, Medvedev, Primeiro Ministro à data das eleições, dado que aquele, constitucionalmente, e depois de tentar alterar a constituição sem o conseguir, estava impedido de fazer um terceiro mandato consecutivo.

Em resultado, Medvedev passou para o lugar de Presidente, e Putin para o lugar de Primeiro Ministro, por quatro anos, com o intuito de, depois deste mandato, voltar ao Kremlin.

Claro que ninguém tem dúvidas de quem é efectivamente o Presidente, e de Medvedev está a favor um favor de amigo ao Czar Putin.

Isto só acontece num sistema imperfeito como as democracias burguesas de estilo ocidental, aplicadas segundo as perspectivas muito peculiares dos senhores do Leste europeu.

Por cá, a um nível incomensuravelmente mais pequeno, também se fazem destas traquinices.

Consta por aí que, nas próximas eleições autárquicas de Castro Verde, se está a preparar um golpe do género, alcandorando a Presidente da Junta de Castro Verde a Presidente da Câmara, e o actual passaria para a Presidência da Assembleia Municipal.

Claro que Caeiros na Assembleia Municipal, raposa velha como é, não deixaria créditos por mãos alheias e exerceria na plenitude os poderes que a Lei confere ao cargo e ao órgão para condicionar a actividade Municipal.

Conseguiria assim dois objectivos: ficar liberto para ocupar cargos muito mais apetecíveis, e de uma maior abrangência territorial, por um lado, e deixar a porta aberta para poder regressar, caso o deseje, ainda com idade não muito avançada, o que aconteceria se a jogada fosse adiada por mais quatro anos.

Assim, tal como na Rússia, Castro Verde prepara-se para ter o seu Czar, governando o Município por detrás da cadeira da Presidente.

Afinal não se tratam de deturpações derivadas de idiossincrasias étnicas, mas sim da deturpação do próprio conceito de Democracia.

Infelizmente.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Água por Buracos, Tacos e Bolas

Confesso. Admito e confesso.


Para além de ter faltado à apresentação do Plano de Pormenor da Cavandela, acto por que me penitenciarei atá aos fins dos meus dias, não estudei a lição, que é como quem diz, não toquei no dito PP, nem que fosse para dar uma vista de olhos.

Peguei hoje. E fui procurar um dos temas que mais me preocupam: a água.

Eu já sabia, perdoem-me o arrojo de informar que sei algumas coisas, poucas, mas algumas, que os campos de golf são verdadeiros sugadoiros de água, mas assim tanto não imaginava.


Página 47 do Plano de Pormenor.



Charcas:



3 charcas, com capacidade para, 540000m3, 100000m3 e 60000m3.


Total de armazenamento máximo, 800000m3

Consumo humano - 177535m3/ano

Origem da água - Rocha, através de novo adutor, com ligação ao adutor municipal, para abastecimento por esta em caso de necessidade. Se for o contrário, não há fornecimento do adutor da Cavandela à Vila?

Rega:

Campos golf - 476640m3/ano

Culturas - 525500m3/ano, só para vinha 150000m3/ano (as outras culturas podem gastar apenas águas pluviais)

Origem das águas - charcas, que debitarão caudal ecológico de 10l/s, num a previsão de 320000m3/ano.

Aproveitamento de águas de outras culturas, de Etars e, atenção, água de furos, da Barragem da Rocha e da rede pública.

Em 50% dos anos, a pluviosidade será suficiente para repor os níveis de armazenamento, pelo que, nos outros 50%, terá que se recorrer a outras fontes.

Partem, expressamente, do pressuposto de que não será necessário recorrer à disponibilização de água da rede pública para rega dos campo de golf, mas, por via das dúvidas, olham a rede pública como saída em situação de emergência.

Bom. Disto tudo pode-se retirar o seguinte: o golf consome, apenas e só, 4 vezes a água que consome a multidão que os promotores pensam que virão à Cavandela.

A água virá da reserva disponível para os concelhos de Ourique e Castro Verde, a barragem da Rocha, que sabemos hoje muito bem, em tempo de seca, mal chega para abastecer a população residente nestes concelhos.

As águas retidas, são águas que não seguem o seu curso normal, pelo que, a debitar o caudal ecológico, as ribeiras a jusante secarão, e os lençóis subterrâneos correm risco de não recuperar os níveis normais.

Será necessário construir tanta área de campos de golf?

É apenas uma questão, e peço desculpa se, de alguma forma, fui impertinente.

Afinal há ou não há Zona de Actividades Económicas para Castro Verde?

A questão da Zona de Actividades Económicas de Castro Verde está a tornar-se numa verdadeira novela mexicana.
Agora, com a apresentação do Plano de Pormenor da Cavandela, tal como vem descrito nas diversas notícias que a propósito têm vindo a lume, está mais claro que a ZAE a criar no seu âmbito tem finalidades restritas às actividades agro-alimentares.
Tudo bem. Na perspectiva de futuro, é positivo e legítimo a escolha de uma determinada actividade específica para o desenvolvimento do tão almejado tecnopólo.
Mas ... e o resto?
As ZAE incontáveis vezes anunciadas ZAE para a Serrana, para Entradas, etc.?
Para onde foram essas intenções que alimentaram durante anos os debates políticos e que condicionaram o voto dos castrenses?
Então e a intenção de tirar de dentro da malha urbana as pequenas indústrias, algumas altamente perigosas, que funcionam em Castro Verde?
Será, talvez, preferível disseminar as actividades industriais e afins ao redor da Vila, como o armazém da Associação de Agricultores do Campo Branco, construído mesmo em frente das janelas dos habitantes do Bairro dos Bombeiros, e debaixo dos seus narizes, e deixar continuar as coisas como estão.
São estas, e outras como estas, que levam ao completo descrédito da política e de quem a exerce.

Castro Verde: Complexo turismo 600 M€ pode arrancar até 2010

Mais uma notícia acerca da Cavandela, esta anterior à sessão de Sábado passado, em que se refere expressamente que a promotora é a empresa "Cavandela - Sociedade Imobiliária, Lda. do Grupo internacional de investimentos imobiliários E3Property".
De José Roquette, nem fumo.
A construção do complexo turístico da Cavandela, em Castro Verde, poderá arrancar até 2010, num investimento de 600 milhões de euros, que prevê duas unidades hoteleiras, nove aldeamentos turísticos, um campo de golfe e um parque empresarial.
A proposta final de Plano de Pormenor do projecto, promovido pela Cavandela - Sociedade Imobiliária, do grupo internacional de investimentos imobiliários E3 Property, vai ser apresentada sábado, no Fórum Municipal daquela vila do distrito de Beja.
Após a fase de discussão pública, o documento, cuja elaboração tem sido acompanhada por um conselho de opinião, será submetido à apreciação pelas entidades competentes e posterior aprovação pela Assembleia Municipal de Castro Verde, o que deverá acontecer «ainda este ano», disse hoje à agência Lusa o presidente do município local, Fernando Caeiros.
A confirmar-se esta expectativa, segue-se a elaboração dos projectos de arquitectura e o promotor admite que a construção do empreendimento, que vai decorrer em quatro fases e prolongar-se por 16 anos, «poderá começar em 2009 ou 2010», acrescentou o autarca.
O empreendimento turístico e o parque empresarial vão nascer num terreno de 606 hectares, que abrange as herdades da Cavandela e da Ameixieira, na freguesia de Castro Verde.
Apesar de estar contíguo à Zona de Protecção Especial de Castro Verde, o terreno «não intercepta nenhuma área incluída na Rede Nacional de Áreas Protegidas nem na Rede Natura 2000», frisou Fernando Caeiros.
A oferta hoteleira do empreendimento prevê a construção de um hotel tradicional de cinco estrelas com 360 camas e um aparthotel de quatro estrelas com 200 camas e destinado a turistas seniores que pretendam estadias prolongadas.
A componente turístico-residencial inclui nove aldeamentos com 600 apartamentos, 700 casas em banda, 150 casas unifamiliares individuais e 110 casas unifamiliares geminadas.
O empreendimento terá também um campo de golfe com 36 buracos, além de outros equipamentos desportivos, como um complexo polidesportivo, um clube de ténis, um complexo de piscinas e circuitos de manutenção.
Espaços verdes, charcas, uma clínica de saúde, um templo de culto ecuménico, uma zona comercial e equipamentos culturais, como um centro de espectáculos ao ar livre e um centro de artes, são outras das infra-estruturas previstas.
O projecto inclui ainda a construção de um parque empresarial numa área de 38 hectares e com 42 lotes para instalar actividades de indústrias ligeiras e complementares às necessidades ambientais do empreendimento, como empresas ligadas às tecnologias ambientais e agro-alimentares.
O promotor estima que o empreendimento turístico poderá gerar cerca de 2.250 novos postos de trabalho, 500 dos quais associados à oferta hoteleira, 750 indirectos e outros mil induzidos, referiu Fernando Caeiros, frisando que estes números poderão aumentar com a implementação do parque empresarial.
Segundo dados do promotor, o empreendimento poderá contribuir para aumentar a população residente em permanência em Castro Verde na ordem das 3.750 a 4.000 pessoas, enquanto que a população temporária está estimada em 80 a 90 mil pessoas por ano (15 a 20 mil hóspedes na hotelaria e 65 a 70 mil nos aldeamentos).

Diário Digital / Lusa

Herdade da Cavandela - afinal quem promove a iniciativa imobiliária?


Segundo o blog Feira de Castro, surgiu hoje no site vidaimobiliária.com, do Grupo Vida Económica, uma notícia dando conta de que o Grupo de José Roquette iria avançar com o Projecto Imobiliário da Cavandela que, até agora, vinha sendo anunciado como promovido pela Cavandela - Sociedade Imobiliária, Lda., detida a 100% pelos sócios proprietários da E3Property, uma empresa inglesa com negócios na área do turismo no Algarve.


Questiona-se, afinal, quem é o efectivo promotor do empreendimento, bem como se as relações entre a Cavandela - Sociedade Imobiliária, Lda com o Grupo José Roquette eram já do conhecimento da autarquia, e se sim, qual a efectiva relação entre estas duas entidades.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Os Olhos do Poeta

O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas,
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento.
Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias
e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas
e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade:
- todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta.
Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório,
sai uma estrela voando nas trevas
tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes.
E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.